Beatriz de Luna Mendes Benveniste descobre-se em Dona Grácia Nási (c. 1510-1569)

Abstract

As intolerâncias religiosas perante o elemento judaico em solo ibérico do século XIV culminaram com a expulsão dos Sefarditas da recém-nascida Espanha em 1492. O decreto de expulsão de 1496, em seguida transformado em conversão forçada de todos os Sefarditas residentes em Portugal (1498), por sua vez intensificou e impulsionou duas correntes que transformarão o mapa socioeconómico do Mundo de então: o Cripto-judaísmo e a Diáspora Sefardita. Com raízes na Ibéria oriental, Beatriz de Luna Mendes Benveniste — mais tarde conhecida por Beatriz Mendes Benveniste e, depois do seu regresso público e oficial ao Judaísmo, simplesmente por Dona Grácia Nási — é um exemplo ilustre das contribuições dos Sefarditas (homens e mulheres) à economia mundial e, ao mesmo templo, da dedicação à defesa dos direitos humanos dos Judeus, a prescindir da sua origem étnico-linguistíca e do seu estatuto forçado (e nunca desejado) de cristãos-novos. O percurso da vida de Grácia Nási será de facto uma constante e sincera luta, ora disfarçada, ora patente, para ganhar os tão desejados direitos de expressão religioso-existenciais do seu Povo, acompanhados pelos seus equivalentes cívico-comerciais.